dash

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Texto - Quando A Alma encontra o Corpo

Quando a alma encontra o corpo


Houve um tempo que a alma vivia tentando encontrar o corpo, porém o corpo não precisava da alma. Então, a alma apenas observara o corpo. E, na calada da noite, a alma dominara o corpo; e, entre as 'brigas' noturnas, o corpo levantava pesado, sem entender o porquê de parecer estar surrado, como se a noite tivesse sido tal longa quanto o dia. Mas o corpo sempre apostara na próxima para que não sentisse mais o cansaço que se extendera por dias a fio. Em sua saga diária, o corpo continuaria a ignorar a alma em todos os âmbitos, enquanto ela, desesperada, suplicava por um pouco de voz para mostrar ao corpo que estara ali sempre que precisasse.
Mas a alma, em vão, murmurava e o corpo altivo nada escutava. A alma sentiu a redenção chegar e a ela se entregou. Tal adormecida a alma, o corpo 'reinou' absoluto sem ninguém para cutica-lo insistentemente. Pelo menos era assim que o corpo pensara...
Um dia, não mais que de repente, o corpo começou a perder energia e tudo mais que tanto o orgulhara. Caiu doente, e sentindo vazio, procurou a adormecida alma, mas, que por estar por muito neste estado, esqueceu dele e continuou no seu sono interminável.
Quando o corpo começou a gritar mais e mais alto, ela começara a perceber que alguém perturbara o seu sono. 'Mas será um sonho ruim?', questionou-se a alma; porém o ruído tornou-se mais intenso e forte. A alma pensou: 'De onde vem essa voz sofrida? Será quem não ouço há tempos?' E o corpo pedindo mais alto e mais forte, conseguiu despertar a alma.
Ele pediu, imediatamente, ajuda; que pediu ao corpo que a encontrasse no local onde passaram a não andar mais juntos. E ele, em um súbito ato de bravura, aproximou-se de onde se perdeu d'alma, e quando a viu quase não reconheceu.
O abraço entre eles foi longo e precioso. O corpo sentiu-se apaziguado e inteiro novamente. Fez uma promessa em não mais abandonar a alma, e nem fazê-la adormecer; e sempre a ouvirá. Neste, a alma e o corpo, viram que não poderiam deixar de coexistir, pois ela parou e o corpo avançou sem estrutura, vindo a padecer.
E desde então, podem ouvir as longas conversas, e por quê? Porque desde o dia em que a alma encontrou o corpo viram que não pode existir um sem o outro...


De minha autoria.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Poema nos meus 43 anos, Bukowski

Terminar sozinho
no túmulo de um quarto
sem cigarros
nem bebida —
careca como uma lâmpada,
barrigudo,
grisalho,
e feliz por ter
um quarto.

... de manhã
eles estão lá fora
ganhando dinheiro:
juízes, carpinteiros,
encanadores, médicos,
jornaleiros, guardas,
barbeiros, lavadores de carro,
dentistas, floristas,
garçonetes, cozinheiros,
motoristas de táxi...

e você se vira
para o lado esquerdo
pra pegar o sol
nas costas
e não
direto nos olhos.

Perdedor da Própria Vida

Passamos algum tempo de nossas vidas traçando metas que talvez nunca atingiremos
Passado anos de frustações parece que vamos nos acostumar a deixar sonhos de lado
Para meramente satisfazer as necessidades básicas de um ser humano ou
Ou simplesmente apenas mais um tentativa desesperada para se chegar no sonho
Como se pegassémos um caminho "curto" e errado e completamente perdidos
Vemos nossos melhores anos passando um após o outro sem uma felicidade tangível
Alguns infelizmente não conseguem voltar a separar o mundo real do mundo dos sonhos
E esse é o caminho mais ardoroso para uma morte em vida de uma pessoa
Talvez seja díficil agora achar uma palavra de consolo, um ombro amigo
Porque talvez de alma e coração, nunca estivemos aqui, estivemos em paraisos virtuais
Criados simplesmente para suportar a dor diária que queima e mata por dentro
Aos poucos perdemos a importância de mais um dia vivido e apenas esperamos a morte chegar
Já como aquele sonho que ficou para trás e sabemos como é díficil o título de perdedor da própria vida.